Fabaceae

Dimorphandra exaltata Schott

Como citar:

Eduardo Fernandez; Eduardo Amorim. 2020. Dimorphandra exaltata (Fabaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

EN

EOO:

206.245,873 Km2

AOO:

188,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Souza e Gibau, 2020), mais especificamente do Sudeste do Brasil, com ocorrência confirmada nos seguintes estados: MINAS GERAIS, municípios de Belo Horizonte, Betim, Caeté, Carmo do Cajurú, Caratinga, Carmópolis de Minas, Contagem, Divino, Florestal, Fortuna de Minas, Itaguara, Juiz de Fora, Lagoa da Prata, Mateus Leme, Maravilhas, Matozinhos, Perdigão, Piau, Rio Manso, Ribeirão das Neves, Sabará, Santa Luzia, Serro, Viçosa; RIO DE JANEIRO, municípios de Nova Iguaçu, Resende, Rio de Janeiro, São Francisco de Itabapoana, Valença; SÃO PAULO, municípios de Piracicaba, Rio Claro, Guaratinguetá e Porto Ferreira (Fernandes, Com. Pess., 2020). Apesar de seu amplo EOO, a espécie é considerada rara por Muniz et al. (2019), com baixa densidade populacional (Fernandes, Com. Pess., 2020; Lima, Com. Pes., 2020), o que é evidenciado pela coleções esparsas nas extremidades de sua EOO, como no Rio de Janeiro (onde as coletas concentram-se as margens de uma mesma estrada, são muito antigas ou estão em fragmentos isolados) e em São Paulo, de onde não se tem documentação desde 1996. D. exaltata co-ocore com D. mollis Benth e \D. wilsonii emao menos 10 municípios em Minas Gerais (Fernanes e Rego, 2014).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2020
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Eduardo Amorim
Critério: B2ab(i,ii,iii,iv,v)
Categoria: EN
Justificativa:

Árvore com até 30 m, endêmica do Brasil (Souza e Gibau, 2018), foi documentada predominantemente em Floresta Estacional Semidecidual e em menor frequência, em Floresta Ombrófila Densa, associadas à Mata Atlântica e em sua transição com o Cerrado presentes nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Apresenta distribuição geográfica ampla e EOO=178405 km². Entretanto, é endêmica do Sudeste, considerada rara, com subpopulações compostas por não mais que 450 indivíduos, e com distribuição descontínua em fitofisionomias florestais severamente fragmentadas, AOO=192 km² e cinco situações de ameaça, considerando-se a intensidade, frequência e cronologia de incidência de vetores de stress sobre as subpopulações geneticamente estruturadas reconhecidas por Muniz et al. (2019). Sabe-se que subpopulações de D. exaltata têm menor diversidade genética do que subpopulações de várias outras espécies de leguminosas da Mata Atlântica, além de perda prevista de áreas adequadas a sua ocupação no futuro devido às mudanças climáticas (Muniz et al., 2019). Atualmente, grande parte das áreas em que D. exaltata ocorre em Minas Gerais encontram-se profundamente modificadas pela substituição da vegetação nativa por pastagens e, posteriormente, lavouras (Fernandes, Com. Pess., 2020), o que leva a exposição excessiva do solo, dificultando o processo de regeneração natural e abrindo caminho para a ampliação dos impactos antrópicos, como o fogo. Grande parte das áreas de ocorrência confirmada de D. exaltata sofrem constantemente eventos de incêndio severos, cada vez mais intensos, em um cenário de mudanças nos regimes climáticos predominantes (Fernandes, Com. Pess., 2020). No Rio de Janeiro, uma das unidades federativas de maior suficiência amostral, a espécie tem sido documentada de forma esparsa, fora de áreas protegidas ou em Unidades de Conservação profundamente isoladas em densa matriz de campo antropizado, como a Estação Ecológica Estadual de Guaxindiba, onde D. exaltata é considerada rara (Fortes et al., 2020), ou áreas urbanas, como no maciço da Tijuca. Em São Paulo, D. exaltata é conhecida por poucas coletas, e somente uma foi realizada em Unidade de Conservação (Parque Estadual de Porto Ferreira), sendo a última realizada em 1996. Adicionalmente, há sólidas evidencias de que a espécie resguarde baixa diversidade genética dentro da população, além de evidencias de endogamia e de diminuição na diversidade genética total, indicando possível deriva gênica (Muniz et al., 2019). Apesar do potencial uso madeireiro, não há evidencias de corte seletivo, porém diversos indivíduos isolados encontram-se plausivelmente vulneráveis à incidência de vetores de pressão que podem levar ampliar as taxas de mortalidade, causando declínio no número de indivíduos maduros. A maior subpopulação conhecida da espécie compreende os indivíduos presentes em Minas Gerais, na região central e adjacências, contabilizados em não mais que 450 indivíduos localizados após mais de 15 anos de buscas (Fernandes, Com. Pess., 2020). Diante deste cenário, onde D. exaltata apresenta distribuição restrita à fitofisionomias florestais severamente fragmentas, subpopulações escassas e isoladas, infere-se declínio contínuo em EOO, AOO, extensão e qualidade de habitat, no número de situações de ameaça e possivelmente, no número de indivíduos maduros. Assim, D. exaltata foi considerada Em Perigo (EN) de extinção nesta ocasião. Recomendam-se ações de pesquisa (busca por novas áreas de ocorrência, censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional) e conservação (Plano de Ação, garantia de proteção in situ das subpopulações situadas dentro de áreas protegidas, verificação da ocorrência da espécie no Parque Estadual do Rio Doce) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção. A espécie foi registrada em territórios que poderão ser contemplados por Planos de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF Pró-Espécies - Todos Contra a Extinção.

Último avistamento: 2019
Quantidade de locations: 5
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Espécie descrita em: Flora. Neotropica., 44: 1-128., 1986. Dimorphandra exaltata Schott (Fabaceae) é a espécie tipo do gênero Dimorphandra. Conhecida popularmente como faveiro-da-mata, angelim ou canjica, é morfologicamente semelhante à D. wilsonii, com a qual se confunde facilmente e com que compartilha grande parte de seu espaço na região Central de Minas Gerais (Fernandes, Com. Pess., 2020; Silva, 1986). D. exaltata também mostra afinidades com Dimorphandra jorgei M.F.Silva, que apresenta distribuição na Mata Atlântica, mas se diferencia vegetativamente pelos foliólulos pubérulos e opacos na face adaxial e margem reta (vs. glabérrimos e lustrosos na face adaxial e margem ondulada em D. jorgei) (Fortes et al., 2020). Análises empreendidas por Muniz et al. (2020) indicaram que D.exaltata e D. mollis são formas geneticamente bem diferenciadas e sugerem que indivíduos D. wilsonii provavelmente correspondem aos híbridos em F1 entre as espécies parentais D. exaltata e D. mollis. As três espécies co-ocorrem em uma pequena área de ecotonal entre no sudeste do Brasil.

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido o valor econômico da espécie. Há registros de que não é madeira de grande qualidade, mas ocasionalmente usada em obras rurais e travamento (Fernandes, Com. Pess., 2020). Não consta em lista de espécies arbóreas brasileiras frequentemente comercializadas.

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Tamanho: less then • 500
Número de subpopulações: circa • 4

Tempo de geração:

Detalhes: circa • 15
Justificativa:

Espécies de grande porte tendem a possuir longos Tempos de Geração. Assim, estima-se em ao menos 15 anos o Tempo de Geração de D. exaltata, podendo chegar a 30 anos, conforme observações empreendidas por F.M. Fernandes em campo a partir de indivíduos da congênere D. wilsonii.

Número de indivíduos na maior subpopulação: circa • 416
Detalhes: Considerando-se a esparsa presença de indivíduos fora do estado de Minas Gerais (onde situa-se a maior subpopulação da espécie, com 416 indivíduos adultos registrados até Março de 2020), estima-se uma população total menor que 500 indivíduos (Fernandes, Com. Pess., 2020). Dados genéticos demostram a existência de quatro (4) subpopulações geneticamente estruturadas de D. exaltata, onde cada uma foi representada principalmente por uma linhagem genética e níveis variáveis de fluxo gênico entre eles (Muniz et al., 2019). Embora a avaliação da diversidade genética tenha sido limitada a 62 indivíduos, demostrou-se que as três sub-populações consideradas no estudo situadas fora da Mata Atlântica foram provavelmente conectadas e são geneticamente parecidas, porém, encontram-se hoje severamente e com provável baixo fluxo gênico; os indivíduos isolados da Mata Atlântica parecem formar um agrupamento separado das outras subpopulações consideradas (Muniz et al., 2019). Adicionalmente, Dimorphandra exaltata apresenta baixa diversidade genética dentro da população, evidencias de endogamia e de diminuição na diversidade genética da população, indicando que a espécie está sofrendo deriva gênica (Muniz et al., 2019). Espécies de grande porte tendem a possuir longos Tempos de Geração. Assim, estima-se em ao menos 15 anos o Tempo de Geração de D. exaltata, podendo chegar a 30 anos, conforme observações empreendidas por F.M. Fernandes a partir de indivíduos crescendo em campo da congênere D. wilsonii, que cresce de forma mais rápida que D. exaltata. Na Estação Ecológica Estadual de Guaxindiba (RJ), foi considerada rara (Fortes et al., 2020).
Referências:
  1. Muniz, A.C., Lemos-Filho, J.P., Buzatti, R.S. de O., Ribeiro, P.C.C., Fernandes, F.M., Lovato, M.B., 2019. Genetic data improve the assessment of the conservation status based only on herbarium records of a Neotropical tree. Sci. Rep. 9, 0–11. https://doi.org/10.1038/s41598-019-41454-0
  2. Fortes, E.A., Nascimento, M.T., Lima, H.C., 2020. Leguminosas arbóreas em Floresta Estacional Semidecidual de Tabuleiros Costeiros do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Botânica 74.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Fenologia: semideciduifolia
Longevidade: perennial
Luminosidade: heliophytic, esciophytic
Biomas: Mata Atlântica, Cerrado
Vegetação: Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial), Floresta Estacional Semidecidual
Fitofisionomia: Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila Densa
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest, 1.5 Subtropical/Tropical Dry Forest
Clone: unkown
Rebrotar: yes
Detalhes: Árvore com 25-30 m de altura (Leoni 5486), ocorrendo nos domínios da Mata Atlântica (Souza e Gibau, 2020) e do Cerrado (Fernandes Com. Pess., 2020). Foi documentada predominantemente em fitofisionomias florestais associadas a estes biomas e suas faixas transicionais, como Floresta Estacional Semidecidual, e em áreas de caráter mais seco nas saias dos maciços litorâneos do município do Rio de Janeiro (Souza e Gibau, 2020). Apresenta baixo recrutamento e capacidade de rebrota (Fernandes, Com. Pess., 2020). Segundo Silva (1986), habita o Cerrado e Matas costeiras, em mata xerofítica, campos secos próximos a lugares elevados, em solo argiloso nas matas primárias e secundárias (Silva, 1986).
Referências:
  1. Souza, V.C., Gibau, A., 2020. Dimorphandra in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB30996>. Acesso em: 11 Mar. 2020
  2. Silva, M.F., 1986. Dimorphandra (Caesalpiniaceae). Flora Neotropica. 44, 1-128.

Reprodução:

Detalhes: Floração é tipicamente verificada durante os meses de verão (dezembro a março), enquanto a frutificação ocorre predominantemente no final do inverno, inicio da primavera entre agosto e outubro (Fernandes, Com. Pess., 2020). Foi coletada em flor nos meses de: janeiro (Lima 2516), fevereiro (Rosa 80), março (Gomes 18), junho (Kuhlmann 30), outubro (Lima 5718), novembro (Lage s.n.); e em frutos nos meses de: fevereiro (Spolidoro 85), março (Gomes 18), maio (Fernandes 270), outubro (Leoni 5486), novembro (Lage s.n.), dezembro (Kuhlmann 2792). Periodo de floração similar a D.mollis e D. wilsonii (esta ultima foi estudada e floresce basicamente no verão entre novembro e março (pico em janeiro); as 3 espécies podem apresentar pequenas florações (alguns cachos) ocasionais em outras épocas do ano. D. wilsonii tem frutos maduros geralmente no inverno/primavera, entre agosto e outubro, assim como D. exaltata (
Fenologia: flowering (Jan~Mar), flowering (Jun~Jun), flowering (Oct~Nov), fruiting (Fev~Mar), fruiting (May~May), fruiting (Oct~Dec)
Síndrome de polinização: melitophily
Dispersor: A espécie apresenta dispersão zoocórica, pela similaridade morfológica com D. wilsonii, e os mesmos dispersores naturais: mamíferos (como anta, paca, veado) e aves (arara). Além deles, o gado bovino e equino provavelmente a dispersa, pois já foram observados comendo as vagens (Fernandes, Com. Pess., 2020).
Síndrome de dispersão: zoochory,ornitochory,mamaliochory
Polinizador: D. exaltata é provavelmente é polinizada por abelhas (Fernandes, Com. Pess., 2020).
Estratégia: iteropara
Sistema sexual: hermafrodita
Sistema: self-compatible
Referências:
  1. Martins, E.M., Fernandes, F.M., Maurenza, D., Pougy, N., Loyola, R, Martinelli, G., 2014. Plano de ação nacional para a conservação do Faveiro-de-wilson (Dimorphandra wilsonii Rizzini). Brazil: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Ameaças (7):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1.1 Housing & urban areas habitat,occurrence,mature individuals past,present local very high
Perda de habitat como conseqüência do desmatamento pelo desenvolvimento urbano, mineração, agricultura e pecuária representa a maior causa de redução na biodiversidade da Mata Atlântica. Estima-se que restem apenas entre 11,4% a 16% da vegetação original deste hotspot, e cerca de 42% da área florestal total é representada por fragmentos menores que 250 ha (Ribeiro et al., 2009). Os centros urbanos mais populosos do Brasil e os maiores centros industriais e de silvicultura encontram-se na área original da Mata Atlântica (Critical Ecosystem Partnership Fund, 2001)
Referências:
  1. Ribeiro, M.C., Metzger, J.P., Martensen, A.C., Ponzoni, F.J., Hirota, M.M., 2009. The Brazilian Atlantic Forest: How much is left, and how is the remaining forest distributed? Implications for conservation. Biol. Conserv. 142, 1141–1153.
  2. Critical Ecosystem Partnership Fund (CEPF), 2001. Atlantic Forest Biodiversity Hotspot, Brazil. Ecosystem Profiles. https://www.cepf.net/sites/default/files/atlantic-forest-ecosystem-profile-2001-english.pdf (acesso em 31 de agosto 2018).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1.4 Scale Unknown/Unrecorded habitat,occurrence past,present regional very high
A atividade agropecuária é um dos principais vetores de pressão que incidem sobre a flora dos estados cobertos pela Mata Atlântica, por exemplo, Minas Gerais e o Rio de Janeiro com cerca de 55% do seu território ocupado por pastagens (Fernandez et al., 2018; Loyola et al., 2018).
Referências:
  1. Rolim, S.G., Chiarello, A.G., 2004. Slow death of Atlantic forest trees in cocoa agroforestry in southeastern Brazil. Biodivers. Conserv. 13, 2679–2694.
  2. Loyola, R., Machado, N., Ribeiro, B. R., Martins, E., Martinelli, G., 2018. Áreas prioritárias para a conservação da flora endêmica do estado do Rio de Janeiro. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro: Graffici Programação Visual. 60 p.
  3. Fernandez, E., Moraes, M., Nogueira, P.M., Margon, H., Bajgielman, T., Wimmer, F., Pougy, N., Martins, E., Loyola, R., Silveira-Filho, T.B., Martinelli, G., 2018. Histórico de ocupação e vetores de pressão no estado do Rio de Janeiro, in: Martinelli, G., Martins, E., Moraes, M., Loyola, R., Amaro, R. (Orgs.), Livro Vermelho da Flora Endêmica do Estado do Rio de Janeiro. Jardim Botânico do Rio de Janeiro: SEA – Secretaria de Estado do Ambiente: Andrea Jakobsson Estúdio, Rio de Janeiro, p. 25–41.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
2.1 Species mortality 5.3.4 Unintentional effects: large scale (species being assessed is not the target) [harvest] habitat,occurrence,mature individuals past,present national high
Dados publicados recentemente (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018) apontam para uma redução maior que 85% da área originalmente coberta com Mata Atlântica e ecossitemas associados no Brasil. De acordo com o relatório, cerca de 12,4% de vegetação original ainda resistem. Embora a taxa de desmatamento tenha diminuído nos últimos anos, ainda está em andamento, e a qualidade e extensão de áreas florestais encontrma-se em declínio contínuo há pelo menos 30 anos (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018).
Referências:
  1. Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica. Período 2016-2017. Relatório Técnico, São Paulo, 63p.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.2.2 Agro-industry plantations habitat,occurrence,mature individuals present,future regional very high
As florestas plantadas de Eucalyptus spp. estão distribuídas estrategicamente, em sua maioria, nos estados de Minas Gerais, com maior área plantada, São Paulo, Bahia, Espírito Santo e Rio Grande do Sul (Baesso et al., 2010). Segundo Siqueira et al. (2004) a partir da criação de programas de extensão e fomento florestal do governo e de empresas privadas na década de 1990 iniciou-se a ocupação de extensas áreas com plantios homogêneos, principalmente Eucalyptus e Pinus no estado de Minas Gerais (Siqueira et al., 2004).
Referências:
  1. Baesso, R.C.E., Ribeiro, A., Silva, M.P., 2010. Impacto das mudanças climáticas na produtividade do eucalipto na região norte do Espírito Santo e sul da Bahia. Ciência Florest. 20, 335–344.
  2. Siqueira, J.D.P., Lisboa, R.S., Ferreira, A.M., Souza, M.F.R., Araújo, E., Lisbão-Júnior, L., Siqueira, M. de M., 2004. Estudo ambiental para os programas de fomento florestal da Aracruz Celulose S.A. e extensão florestal do governo do estado do Espírito Santo. Floresta 34, 3–67.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3.3 Agro-industry grazing, ranching or farming habitat,occurrence past,present regional very high
Grande parte das áreas em que D. exaltata ocorre em Minas Gerais encontram-se profundamente modificadas pela substituição da vegetação nativa por pastagens e, posteriormente, lavouras (Fernandes, Com. Pess., 2020).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 7.1.1 Increase in fire frequency/intensity habitat past,present regional high
Grande parte das áreas de ocorrência confirmada de D. exaltata sofrem constantemente eventos de incêndio severos, cada vez mais intensos, em um cenário de mudanças nos regimes climáticos predominantes (Fernandes, Com. Pess., 2020).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
2.3.1 Hybridization mature individuals present,future regional high
Análises empreendidas por Muniz et al. (2020) indicaram que D.exaltata e D. mollis são formas geneticamente bem diferenciadas e sugerem que indivíduos D. wilsonii provavelmente correspondem aos híbridos em F1 entre as espécies parentais D. exaltata e D. mollis. As três espécies co-ocorrem em uma pequena área de ecotonal entre no sudeste do Brasil. Os mesmos autores sugerem que em geral, híbridos são considerados fatores de ameaça para as espécies ameaçadas, pois os híbridos podem ser menos aptos do que seus pais, e retrocruzamentos introgressivos podem levar à invasão do genoma das espécies e, finalmente, à extinção por hibridização.
Referências:
  1. Muniz, A.C., Lemos-Filho, J.P., Souza, H.A., Marinho, R.C., Buzatti, R.S., Heuertz, M., Lovato, M.B., 2020. The protected tree Dimorphandra wilsonii (Fabaceae) is a population of inter-specific hybrids: recommendations for conservation in the Brazilian Cerrado/Atlantic Forest ecotone. Ann. Bot. 126, 191–203. https://doi.org/10.1093/aob/mcaa066

Ações de conservação (3):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie possui registros de coleta realizados dentro do limites da(s) seguinte(s) Unidade(s) de Conservação: Estação Biológica de Caratinga (MG) e Estação Ecológica Estadual de Guaxindiba (RJ) (Fortes et al., 2020); Parque Estadual de Porto Ferreira (SP (Bertoni e Martins, 1989); também foi documentada na zona de amortecimento do Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro, porém, não existem dados disponíveis sobre a presença da espécie dentro dos limites formais da referida Unidade, apesar do inerente potencial. Há também material de herbário atribuído a espécie depositado no herbário do Parque Estadual do Rio Doce, porém, a imagem deste não encontra-se disponível e a identificação não pode ser confirmada, apesar do grande potencial de ocorrência nesta que é possivelmente a área protegida mais relevante para a conservação da Mata Atlântica em Minas Gerais.
Referências:
  1. Bertoni, J.F.A., Martins, F.R., 1987. Composição florística de uma floresta ripária na Reserva Estadual de Porto Ferreira, SP. Acta bot. bras. 1(1):17-26.
  2. Fortes, E.A., Nascimento, M.T., Lima, H.C., 2020. Leguminosas arbóreas em Floresta Estacional Semidecidual de Tabuleiros Costeiros do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Botânica 74.
Ação Situação
5.1.2 National level needed
A espécie ocorre em territórios que poderão ser contemplados por Planos de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF Pró-Espécies - Todos Contra a Extinção: Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
Ação Situação
3.1 Species management on going
A espécie foi citada e formalmente incluída nas ações de conservação sendo implantadas para sua congênere D. wilsonii (Martins et al., 2014). Os primeiros registros de D. exaltata na região central de MG aconteceram no âmbito do Programa de Conservação do faveiro-de-wilson, que começou em 2004. As buscas por D. wilsonii resultaram no encontro também de D. exaltata (porque são muito parecidas e se confundem), e com o passar do tempo viu-se que D. exaltata era co-ocorrente e também rara como D. wilsonii. Por isto, em 2014 D. exaltata foi inserida no PAN como objeto de estudos genéticos junto com D. wilsonii (Ação 3.1). Em seguida viu-se que D. exaltata também padecia dos mesmos problemas (pressões e ameaças), por isto resolveu-se dedicar mais tempo a ela, nas buscas e na conscientização das pessoas locais para a sua preservação (Fernandes, F.M. Com. Pes., 2020). Entretanto, D. exaltata ainda é tão pouco estudada quanto D. wilsonii o era no início do programa, em 2004. Por isto, é preciso ampliar as buscas pela espécie (em outras regiões além da Central de Minas Gerais e nos outros Estados) bem como é muito importante investigar a biologia e ecologia da espécie (Fernandes, FM. Pes. Com., 2020).
Referências:
  1. Martins, E.M., Fernandes, F.M., Maurenza, D., Pougy, N., Loyola, R, Martinelli, G., 2014. Plano de ação nacional para a conservação do Faveiro-de-wilson (Dimorphandra wilsonii Rizzini). Brazil: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Ações de conservação (2):

Uso Proveniência Recurso
2. Food - animal natural fruit
Os frutos de D. exaltata podem ser consumidos por gado bovino e equinos (Fernandes Com. Pess., 2020).
Uso Proveniência Recurso
9. Construction/structural materials natural stalk
Eventualmente, a madeira desta espécie pode ser utilizada na carpintaria em geral, porém com pouca intensidade ou mesmo busca seletiva (Fernandes, Com. Pess., 2020).